Desde que idade te
dedicas a dança?
Olá
eu sou o Rudrigu , dedico-me à Dança dentro da Cultura Hip Hop há
sensivelmente 15 anos e sou um orgulhoso albufeirense a residir
atualmente em Lisboa.
Como e quando começou
a tua paixão pela dança?
Foi
um pouco por acaso, mas é quase sempre assim não é?
Em
plenos anos 90, passei por tudo, desde wannabe writer ao ter
estragado completamente as paredes do meu quarto entre outras paredes
que não posso aqui referir (ahaha) , a wannabe Mc (faziamos uns
ensaios numa radio local...a Kiss Fm). Nesses ensaios conheci um dos
pioneiros no Djing e Scratching em Portugal...o DJ Sundance. Ele
tinha material em VHS e um dia insistiu comigo para ver o filme Beat
Street. Foi a primeira vez que vi B-boying, Popping, Locking... O meu
pai tinha uma boa colecção de vinyl de James Brown, Stevie Wonder,
Otis Reading , Jackson 5, Imagination ,etc e ouvia-se muito na minha
casa. Creio que isso terá também contribuido. De resto só
materializei esta paixão anos mais tarde quando em Quiaios, num
evento de estudantes vi um rapaz chamado Dário (de Coimbra) a dar
uma masterclass de Hip Hop . Foi das primeiras vezes que vi Hip Hop
Dance em Portugal.
Sempre estiveste
envolvido profissionalmente nesta área?
Sempre estive envolvido na
área do Desporto, do Ensino e da Dança. Claro que inicialmente como
curioso, fan , entusiasta, estudante e só mais tarde como
profissional.
Fala-nos um pouco do
teu percurso na dança.
O meu
percurso na Dança....passa pela Universidade, formações cá mas
também fora do país, centenas de alunos, milhares de aulas, milhões
de horas de treino invariavelmente sozinho, montes de experiências
positivas e boas amizades. Eventos memoráveis relembro atuação no
Estádio da Luz na Gala New Seven Wonders, a International Urban
Dance Battle na Hungria, espetáculo de homenagem a Michael Jackson
no Olga Cadaval ou mais recentemente o Espetáculo “()no Movimento”
no TEMPO. Ao nível do ensino há mais de dez anos que sou Professor
no International sports Meeting e já coreografei e dançei para
várias crews.
Tens algum artista na
área que tomes como referência?
Não tenho
não, assim nenhum bailarino que seja “A” referência. Claro que
tenho imenso respeito pelos originais e pioneiros.... eles abriram o
caminho para todos nós.... mas sinceramente já passei essa fase,
dos ídolos.... com a maturidade vamos percebendo que todos somos
iguais com mais ou menos defeitos e qualidades. As minhas referências
acabam por ser as pessoas que me são próximas e estão no meu
circulo e que me inspiram a ser uma pessoa melhor, dentro e fora da
Dança.
Tens alguma inspiração?
Quem?
Sim, como
respondi na pergunta anterior e nomeando alguns , a Carolina Tendon,
a Mariana Rodrigues, o Kevin Zoltan Scholle, a Patricia Rebelo, o
Pedro Pinto (Kimahera), o Fernando Lopes, o fotógrafo Fábio
Martins, o Bruno (Repto), a Márcia, os meus avós e claro não me
posso esquecer os meus alunos. Estes são as minhas grandes
inspirações.
Para ti, é possível
viver da dança, no nosso país?
Não é
impossível , tenho alguns amigos que só vivem de trabalhos
comerciais, outros que só vivem do ensino, outros que estão em
companhias, e por aí fora. Claro que também existem milhares que
não o conseguem... e subsistem de outras atividades...O problema
todo ganha forma... quando tens problemas de saúde, quando passas os
40 ou 50 anos, a situação fiscal , os direitos e as obrigações
legais, etc etc... Aí ainda existe um longo caminho a percorrer.
Sentes que os
portugueses apoiam a arte?
Os
portugueses são excelentes apreciadores de Arte, e são excelentes
críticos, seja para o bem ou para o mal. Só falta valorizarmos um
bocadinho mais a Arte . Falta ter a consciência que comprarmos
online uma música por um euro , darmos uma moeda ao artista de rua ,
pagar por uma formação de Dança , comprar um livro ou ver um
espetaculo de teatro é no fundo suportarmo-nos e apoiarmo-nos todos
uns aos outros …. e é bem mais significativo do que termos uma
peça de roupa da moda ou o ultimo modelo de smartphone. Penso que
existem duas franjas de população : a pequena minoria que tem
capacidade económica para apoiar seja o que for e a geração de
teens ou jovens adultos que ainda não trabalham e são independentes
e por isso até gostavam muito de apoiar mas não podem. Tal como
disse antes, é a maioria situada entre estas duas franjas que falta
consciencializar. Por vezes basta apenas um pequeno passo e dar o
exemplo...
O que é a dança para
ti?
É uma das
bonitas páginas do livro da minha vida. É uma sensação e
experiência que recomendo a toda a gente. Como a Carolina escreveu
“Se acham que já são felizes, então experimentem dançar!”
O que me vem à cabeça é
alegria , Funk , bounce , expressão.
Sabemos que és membro
de um grupo, os “OhMyGod Family”. Fala-nos um pouco da história
deste grupo.
Fundei
o grupo pela necessidade de existir um grupo que evoluísse dentro do
Hip Hop (old school e new school) no Algarve...a oferta de Dança
existente na altura era nula.... creio que no que à Cultura Hip Hop
diz respeito fomos uma grande pedrada no charco... fizémos imensas
coisas, numa altura em que não haviam os meios e as academias que
existem atualmente. Hoje até me rio disso... mas chegámos a treinar
em parques de estacionamento de supermercado ou na praia ao som do
radio do meu carro.. ou num ginásio cedido onde eu trabalhava... mas
é como alguém disse... o sonho comanda a vida... Depois de ter sido
formador num curso de Dança decidi convidar os melhores alunos desse
curso para integrarem o grupo... a Liliana, a Ana Sofia e a Carolina.
Mais tarde entrou a Mariana , o Speedy e por algum tempo a Andreia...
Participámos em vários eventos, competições, atuações....sempre
numa perspectiva de crescermos juntos.
Atualmente,
alguns seguiram outros caminhos, a Carolina como é sabido
infelizmente já não se encontra entre nós, mas orgulho-me de dizer
que o sonho continua vivo.... acordo todos os dias com vontade de
fazer o que mais gosto e sentir-me recompensado por isso, a minha
mana Mariana evolui num dos prestigiados grupos deste país, outros
elementos passaram também pelo ensino e por outros projetos... e o
grupo foi acolhido pela editora Kimahera, uma das raras editoras
independentes de Hip Hop em Portugal. A Sara Pina juntou-se a nós
com várias colaborações, e continuamos ativos e , (passe a
redundância) a vivermos os nossos sonhos.
Se tivesses que
descrever a dança e o que esta significa para ti numa palavra, qual
seria? Porquê?
A palavra seria “alegria”
por tudo o que referi ao longo desta entrevista. Peace, Love, Unity
, Having Fun !!!
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